Sinopse: A história é de Henriqueta. O dia-desembrulhando é um só, o de seu aniversário. Os dias-desembrulhados são muitos. A memória sendo – senão a personagem principal, pois Henriqueta ocupa esse lugar – a coadjuvante da narrativa. Porque o dia-mesmo-presente só existe na história para os dias passados se reinventarem na cabeça da protagonista. Mas o dia começa importante. Um diário. Ela mal escreve no diário porque o dia tem muitos afazeres. É seu aniversário. Bolo. Velas. Bebidas. Jantar. Taças. Ela também compra taças. Duas. E tem amor. Uma história de amor. E outras. Mas uma é especial. E ela espera. Mesmo que não espere. Ela espera. 
 
Leia um trecho do romance:
 
 
MANHÃ 
 
13 de abril de 2019.
 
“A vida é basicamente tristeza” - 
Escreveu a frase em seu diário – seu mais novo e pretensioso projeto de vida. 
Fazia trinta anos para chegar a essa premissa adolescente de que a vida é isto:
 tristeza. 
Numa cidade pequena e de ninguém, Henriqueta, poucos amigos, acordou cedo para ir ao mercado e cumprir a lista de mantimentos e badulaques para enfeitar mais um outono, desta vez, sozinha. 
Nascera no outono, então não gostava de dizer que fazia ou completava primaveras. 
Completava outonos. 
Trinta anos e adorava rebater àqueles que diziam Balzaquiana. 
À merda com seu Balzaquiana! Dizia.