Sinopse:
 
Não há nada mais comovente do que a mão fria da morte que agarra e perturba você. O infeliz senhor transforma totalmente a sua vida, com uma ação simples e insignificante, mas as consequências duram até o fim. Ele aspira à revolução, respira conhecimento e busca pelo menos o reconhecimento e o que lhe resta? O fracasso: sua tragédia.
 
Confira um trecho da obra:
 
Prelúdio
 
 
Não há nada mais tocante que a mão fria da morte que te agarra e te perturba. Meus poucos dias de paz se acabaram, não há nada que posso fazer se não lamentar a morte inevitável. Me dizem o quanto a morte é natural, que faz parte do ciclo da vida, “não há explicação para essas lágrimas visto que ela cumpriu seu papel, foi escolha divina, meu senhor.” Será mesmo? A morte é tão natural quanto a vida a ponto que se deve excluir o luto perante a morte de seus próprios pais? Afirmo com confiança que o homem que um dia disse essas palavras nunca sentiu qualquer resquício da sombra da morte em sua vida. Não há por que chorar infinitamente, muito menos abdicar de toda a caminhada a fim de chorar por aqueles que já se foram. Porém, suponho que devemos tratar o fim da vida com menos barbaridade. Nada posso fazer para me livrar desse sofrimento, ao menos, concentrar esses sentimentos nos vivos, transmitir essa intensidade. É isso que faço. Minha querida filha pode não perceber, mas todos os meus sentimentos são pensados de forma a reprimir toda tristeza presente desde aquele dia. Reconheço que não chorei pela morte da minha mãe. Todos me olharam com desdém, mas não permito admitir que a tristeza interior se reflita no meu rosto. Não suporto a falsidade dos homens que passaram toda sua vida vestindo aquelas máscaras, prefiro infinitamente sentir em vez de exibir.