"O Homem Perdido" é a prosa poética que lança o autor André Francisco na cena literária contemporânea. Uma obra em que pessimismo e ironia dividem espaços ou se chocam nas páginas que exprimem um homem enclausurado em uma cidade em processo. Uma cidade tão urbana quanto pode ser; que dialoga com tantas outras urbanidades. O eu poético sitiado em seu cubículo, sob uma insólita e intrigante condição, que se desvela página a página, aproxima-se e distancia-se metaforicamente dessa cidade, num movimento de constante recusa e retorno, em tom irônico, afetivo, incômodo, provocador.
"Mastros de bandeiras fincados em cada lote.
A cidade parece saber da existência de outras cidades
e quer crescer até fundirem-se como alga.
A cidade interfere na vida dos pássaros.
A cidade é cada vez mais concreta.
Cada vez menos poetas vivem na cidade.
A cidade quer expulsar os poetas, desde Platão.
A cidade está suja de óleo.
Está suja de sangue.
Está cheia de ódio.
E é repleta de amor.
De um amor estranho,
pedaços rasgados
como tecido de uma camisa nova para fazer uma atadura.
A cidade vive de amores estranhos."
O Homem Perdido
André Francisco é um artista brasileiro. Persegue (ou é perseguido pelo) o fazer artístico desde criança, quando talvez tenha sido cooptado pela sua ingenuidade e boa vontade. Como não se dedicou a aprender coisas úteis para o capital, vive buscando sobreviver à margem do comércio (o que é cada vez mais difícil no século presente). Se dedica ao comunitário, coletivo, criativo, social, político e humano sempre que consegue. Desta forma, tem conquistado alguns pagamentos pelo seu fazer artístico desde que precisou de dinheiro. E de maneira incrédula, todos os meses descobre que ainda não morreu de fome, nem de desgosto. Também compartilha o que aprendeu, e tenta incentivar quem faz, a seguir fazendo. Aprende todos os dias e tenta ser gentil com as pessoas que encontra. Cultiva amizades e sabe que as mesmas, como qualquer coisa cultivada, dependem das condições e situações do tempo. Espera conseguir viver de maneira digna no seu país e luta para que compartilhemos pelo menos esse projeto. Gosta de rir com os amigos, mesmo durante tempos amargos como os nossos.
O Homem Perdido
Livro de poesia
Dimensão 14x21cm
105 páginas