Apresentação:  Folhear "Dizeres Clichês" é acessar convites, relatos e desabafos de quem nutre e acredita no afeto a partir dos detalhes e das pequenas grandes coisas, e as transforma no amontoado potente de ações e sentimentos que podem se traduzir em amor. Em “Dizeres Clichês”, por meio de alguns poemas selecionados, Paula Chiodo apresenta sua ode às declarações de amor baratas, sinceras.  Impressos nessas páginas estão fragmentos de afeto entre mulheres e uma homenagem às pessoas que se declaram sem medo (ou com medo mesmo). Que este singelo e intimista livro testemunho também possa tocar a leitora e provocar as mais bonitas sensações, hoje e para sempre.  [por Ana Paula Mendes]
 
Leia alguns poemas de Dizeres clichês:
 
manifesto à breguice
 
ser brega é uma vocação, tenho repetido isso a mim mesma nos últimos anos de vida. e esses dizeres formam um manifesto pela liberdade de falar o óbvio e amar do jeitinho que quisermos. 
eu quero mais bilhete clichê pregado com o ímã da farmácia na geladeira, quero escrever “eu te amo” no espelho embaçado do banheiro, quero fazer rir com o óbvio e beijar com o lábios de saudades. 
 
já definiram o amor de todas as formas, mas nenhuma é melhor que a combinação do brega com o clichê. 
 
***
 
eu não toco os pés no chão 
quando sento na beirada da cama
e também não toco quando mergulho 
no pequeno-mar-particular-do-gostar-de-você.
existem no mundo três tipos de pessoas, 
são elas: as normais, as apaixonáveis à primeira vista e você. 
você que criou uma categoria só sua, 
que transbordou alegria e preencheu vazios com sorrisos-molhados-de-vinhos.
entrou sem pedir licença, retirou os talheres 
e ensinou a saborear a vida com as mãos, sujando os lábios
e a ponta do nariz, limpando o medo no antebraço, 
não se importando com respingos da felicidade na blusa.
disse adeus às etiquetas, rótulos, normas e rebelou-se 
contra as regras que impediam a leveza.